sábado, 12 de novembro de 2011

O AMOR PELA VIDA E PELO TEMPO



















Curiosa é a percepção da lembrança,
obscura recordação da temperança
que faz de memórias a sua vingança,
a maquinação da desesperança.

A esperança quer no passado renascer,
a ilusão conta a ela que isso pode ocorrer,
mas em dias passados ela vai adoecer e
ações refreadas não se darão a conhecer.

Desperta na escuridão a tímida paixão
que olha pela fresta de luz e quer atenção,
quer sair do abismo da irrealização,
quer caminhar para longe da vil razão.

A vida é uma chave que não se encaixa,
abrem-se olhos temerosos além da caixa,
mas o sonhador ao medo não se rebaixa,
não recua se a perspectiva estiver baixa.

Abre-se por fim o que estava fechado,
revela-se um mistério no imo aprisionado,
a liberdade do antigo amor emocionado,
o amor pela vida e pelo tempo descartado.

Lucas O. Ornaghi

domingo, 21 de agosto de 2011

PÓ E VIDA



















Onde está o olhar encantado de quem assiste o Sol
entre nuvens enrubescidas? Onde descansa a paz
do silêncio? Onde está a liberdade dos que abriram
suas gaiolas e voaram?

Muitos mergulharam profundo em busca de utopias,
mas não acharam nenhum mundo subaquático
imaginado, somente ossos velhos de exploradores
que naufragaram na ilusão dos mares de Poseidon. 

Tão próximos uns dos outros e tão distantes, alheios
à vida, tão cheios de desejos, tão cheios de anseios,
corações e seus desesperos, ensejos para buscar
empenhos corriqueiros.

Somos pó e vida, pequenos aos olhos do mundo,
frágeis aos olhos do tempo, criados pra amar e ser
eternamente, mas fadados a reinventar a frivolidade,
escravos obrigados a cobiçar avidamente.

Lucas O. Ornaghi

sábado, 20 de agosto de 2011

SOMBRIA DEGUSTAÇÃO

Os meus pensamentos estão me consumindo,
estão arremessando minhas frustrações todas
contra mim, estão me soltando no profundo e
sombrio vazio da mediocridade que se revela
diante dos meus olhos manhã após manhã.

Prossigo em resignação consentindo uma
realidade que me perturba e que me fere, com
expectativas demasiadamente tímidas e
reservadas em relação aos que me rodeiam.

Se eu fizesse sangrar o meu coração, os meus
sentimentos produziriam um vinho nobre
demais para que eu o desse aos abutres, aos
que não saberiam discernir o seu valor.

Sou engolido pelos mortos de fome como a
um prato barato e desesperado, como uma
refeição qualquer sou almoçado, como algo
inevitável para sustentar um bem maior.

Quis ser uma sombria degustação e desejei
em diferentes momentos ser letal, mas se sou
mau, prefiro ferroar a minha própria carne,
mas se sou bom, peço aos que são nobres,
aos raros, que estes provem do meu amor.

Lucas O. Ornaghi

Saudadações a todos os viajantes...


Após três meses de infertilidade sinto que posso voltar a conceber um novo projeto. Não tenho material algum preparado, mas voltei a escrever e acho o novo poema um ótimo reinicio.

A temática prossegue sombria e penetrante. Acho algo fantástico externar na poesia conflitos interiores muitas vezes reprimidos em nosso dia-a-dia.

Agradeço aos leitores que acompanham o blog e espero que os próximos poemas atendam às expectativas dos que acessam pela primeira vez o ESPAÇO DA REDAÇÃO. Deixem os seus comentários. Eles são muito importantes.

Cuidem-se ;)

sábado, 14 de maio de 2011

APOCALIPSE












Perpetuando os últimos dias de uma 
vida de vaidade, sanidade é varrida 
de meu cérebro, ao passo que 
pensamentos de violência e 
perversão me tornam presa fácil de 
uma teia de destruição. 

Ouço trovões declarar que a ira dos 
céus quer se aproximar, e em meu 
rosto sinto o vento leste soprar, 
precedendo a tormenta e 
anunciando um profetizado amanhã 
de escuridão, dia de Revelação.

Sombras de um império em declínio 
sussurram morte em meus ouvidos. 
Eu ouço gritos, gemidos, e estou 
extenuado de me aterrorizar, de em 
meus pesadelos sempre acordar. 

Atravessando campos de fogo e 
destruição, a Morte num cavalo 
descorado cavalga acompanhada 
pelo Hades, que acolhe as almas 
ceifadas pela sua devastação. 

Chegou o momento de a angélica 
trombeta soar, de a Sua soberania 
reivindicar, de o sangue dos ímpios 
o solo manchar, de o oprimido 
levantar e de o opressor esmagar. 

Um medo primitivo está para se 
concretizar, a luz divina vem para se 
propagar e das trevas espirituais os 
mansos de vez libertar quando na 
cabeça da serpente Cristo 
finalmente pisar. 

II 

Vinte e quatro anciãos ouvem a 
prece de um andarilho, que guarda 
suas roupas exteriores e cruza 
longínquas e dificultosas terras, 
sempre atento ao horizonte, mas 
ainda não é o fim. 

Íntegro e inabalável prossegue sob 
uma língua de fogo, declarando um 
nome justo entre as nações que 
ecoa desde o pico mais alto até o 
abismo mais profundo, mas é 
repudiado pelos ouvidos dos tolos, 
dos de coração duro. 

O santuário é tomado pela fumaça e 
sete anjos trajados de linho puro 
derramam sete tigelas de 
ouro, libertando a ira divina sobre 
a terra, e secando o Eufrates, 
preparam o caminho para os reis do 
nascente do sol. 

Relâmpagos, vozes, trovões e um 
devastador terremoto vêm a estar 
sobre a terra, e Babilônia, a infame 
meretriz, vestida de púrpura e 
sentada na fera cor de escarlate 
segura um copo dourado com o 
vinho tentador de sua fornicação. 

Mas a fera de dez chifres e sete 
cabeças passou a arraigar um 
ódio mortal pela infame meretriz e a fez 
devastada e nua perante os que 
moram na terra, saboreando a sua 
carne e queimando-a 
completamente no fogo. 

Os portadores dos nomes que não 
estavam no livro da vida foram 
lançados no fogo, assim como o 
Diabo após mil anos será, solto de 
sua prisão para o homem tentar 
desencaminhar e na destruição 
eterna os infiéis com ele levar. 

Daí, o som de uma grande multidão
principiará a louvar na terra o Deus 
reinante, o alfa e o ômega, 
enquanto felizes convidados nos 
céus participarão do casamento do 
cavaleiro branco que pastoreou as 
nações com vara de fero. 

E nova Jerusalém, preparada como 
noiva adornada pelo seu marido, 
reinará com Cristo por mil anos, 
estabelecendo um mundo onde não 
haverá mais lágrima, nem pranto,
nem clamor, nem dor. As coisas 
anteriores já serão passado. 

 Lucas O. Ornaghi

A DANÇA DA MORTE















Vejo a Glória, ela vê a mim, mas
não enxergo a glória do mundo
nos olhos renunciados e
ofuscados da escória.


Vivo com a massa que persiste
em gemer, submissa ao poder
da mente entreter, do coração
vender e dos sonhos ceder.


Não quero ser como os ídolos
que me cegam, como os esnobes
que me negam, nem como os
ideais que me pregam.


Não temo viver sabendo que irei
a vida perder, mas aguardo a
frugalidade do prazer inusitado
de fenecer.


Venha a dança da morte dançar,
impeça a ‘agitação feroz’ de se
prolongar, impeça o covarde de
se pronunciar.


Junte-se a um vivo e venha a
dança da morte aprender,
venha do opressor se esquecer
e a liberdade enfim conhecer.


Lucas O. Ornaghi

A FUNESTA CENA

















Voa um corvo pelos mares
da insanidade, vil agouro
de um horizonte sem paz
nem liberdade.


Há muito que lutamos e
sangramos, cativos duma
jaula de homens ferozes e
marionetes suicidas.


A aranha tem a pomba na
teia, e caos e violência
precedem sua ceia, um
Apocalipse em cadeia.


Triste coro é o que ressoa
do choro da humanidade,
uma viúva na ansiedade,
tão perdida na realidade.


Há desgraça na carcaça do
sonhador, censurado pela
traça e ceifado pela vida
sem graça.


Meu gato Astronauta saiu
atrás de perspectiva e me
deixou só, sem alternativa,
exorcizando fantasmas.


Na veia flui a droga de
quem devaneia, na mente
flui a quimera de quem a
delineia.


Cronos move dias e noites
de mundos em transe, e o
verme, operante, devora a
ruína do ser conflitante.


A massa se aliena, só e fria
a alma se condena, e tinta
e pena poetizam a final e
funesta cena.


Lucas O. Ornaghi

LUZ E TREVAS

Regressando dos mundos de luz
criados pela mente, desperto nas
sombras do pesadelo presente.


Para o longínquo viaja o horizonte,
imêmore, observante, no coração
da Terra não mais pulsante.


As utopias de outrora são nada
além de um Éden falso e desolado,
fruto do anseio nunca saciado.


Errante o vento suspira de espírito
contristado a dor de um solo por
Gaia amaldiçoado.


Mas regressando das trevas do
pesadelo presente, repouso nos
versos criados pela mente.


E regressando da poesia para a
realidade tudo mudou de repente,
tudo se tornou diferente.


Lucas O. Ornaghi

O CORAÇÃO DO MUNDO



















Gélido o vento sopra em meu coração,
olhos frios e resignados atravessam os
dias sem qualquer emoção.


Nem sempre foi assim, nem sempre me
senti tão ruim, talvez o coração desse
mundo bata agora em mim.


Libertei-me das lágrimas, mas também
fiquei sem motivos pra sorrir e não há
nada que me faça algo sentir.


Vivo porque há pulsar e ainda posso
respirar, mas cada passo carrega o
peso morto de meu ser absorto.


O mundo continua girando um abismo
de medo e do jeito como gira, por si só,
nada mudará tão cedo.


Sei que há tristeza e tímidas alegrias,
mas o que há, reprimido agora está, e
onde está, peço que dessa vida se vá.


Lucas O. Ornaghi

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O POETA ACORRENTADO E SUA PSIQUE

















Rubros cada vez mais são os entardeceres
e a luz da alva a expectativa temerosa de
um mundo adúltero que caminha na
estrada de sua ruína, onde as sombras de
nossas ações nos forçam a viver um
martírio atroz.


Cruzando um mar de rostos
desconhecidos e marcados pela cobiça, a
ansiedade aperta o coração e há
insanidade quando não se quer perder nas
trevas de dias de desesperança os ideais
ignorados de outrora.


Morta e violentada a humanidade é, mas
se indignação foi realmente um dia
emocionada por um coração, esta foi há
muito levada pelo vento tempestuoso que
precedeu à grande tormenta que nos tem
desolado.


A insensatez nos torna a desgraça desse
solo abençoado que herdamos e agora
desesperados iluminação buscamos,
recorrendo às igrejas, onde a cera das
velas não mais é consumida pelo fulgor
de línguas de fogo e há escuridão.

Acorrentado não saio do lugar, e por isso
preciso à psique chegar para me libertar
das correntes desse mundo que mata
minhas quimeras, enterrando verdadeiras
paixões no efêmero viver dessa vida
mecânica.

Lucas O. Ornaghi

sábado, 12 de fevereiro de 2011

ATÉ QUANDO AMOR?

Controle não mais tenho da situação,
não encontro a razão, nada faz
sentido se foi em vão, e agora, tão só
como a solidão, fiel amiga da perdição,
despeço-me da efêmera paixão.


Não sei o quê fazer, não sei onde o
quebranto esconder, não sei sob um
sorriso superficial viver, só sei que
pensar em ti faz minha alma em
profundas dores gemer.


Olhando para o espelho, o olhar além
de uma expressão atinge na viajem do
pensamento uma nova dimensão,
onde na psique e sua extensão mora
a constante indecisão.


Como uma criança, alimentava um
amor inocente, um amor que jamais
mente, um amor permanente, um
amor que não precisa ser conveniente,
um amor que não me deixa carente.


Sim, queria como uma apaixonada
criança novamente ser, não tendo de
a luz da alva temer, não tendo de ver
meu reflexo a cada dia mais adoecer,
nem de lágrimas de desespero verter.


Queria que tu estivesses presente,
sendo da minha felicidade ainda a
semente, mas em seu suspiro vivente
não mais encontro ao lado da sua, a
vida que possa chamar de decente.


O tempo parece ter parado, meu
coração petrificado, minha história em
dor estacionado, inerte como uma
estátua me transformado, ao amor
para sempre me renunciado.


Pergunto-me, como posso de novo me
apaixonar, se o amor, tão frágil
quanto a beleza de uma flor,
indefinidamente desvanecer e a dores
eternas me submeter?


Ah...insólito amor, até quando hão
de as areias do tempo meus dias
vazios marcar, minha busca por ti
precipitar, meus pensamentos
supliciar até enfim o poder achar?


Diga-me Eros que está próximo o meu
amor, cinja-me Afrodite de seu Cestus
e inspire em mim a paixão, devolva-me
a doce sensação, devolva-me um
coração por mim cheio de afeição.


Lucas O. Ornaghi

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

12 ESTROFES DE PROTESTO

Vejo meus semelhantes como vira-latas
abandonados, na grama deitados, sujos,
violentados, esfomeados, chamando-me
com seus rostos banalizados.


O tolo com palavras ensaiadas
sensibiliza os tolos, e eleitos, suas
promessas vazias não quebram mais o
galho depois de escândalos e corrupção-
até a próxima eleição!


Eu já andei nesse jardim, no começo não
parece ruim, é fácil estar a fim, mas
prefiro no banco de uma praça qualquer
sentar e parar de me enganar.


O Éden virou a cobiça em um sonho de
consumo, e em resumo não há mais
necessidade de ser profundo se o
pensamento massificado agora move o
mundo globalizado.


Fala de Darwin o hipócrita intelectual,
só evoluído pra vender um falso ideal,
sempre pronto pra defender ideias que
vendem o que outros podem achar legal.


A ciência se tornou agora a nova bíblia
do cego, sendo de fato prática, não nego,
mas ela é também o manual do macaco
louco que para a multidão acena e com
seu ego a todos condena.


Queremos sempre um novo jeito de
manipular a vida, a genética nos auxilia
nessa corrida, mas nossas próprias
vidas estão sempre fora de controle.


Perdidos, atrás de Sua Santidade pecam
escondidos, vendendo mapas com seus
caminhos e impureza, distorcendo as
indicações dos sábios de outrora com
as pegadas falsas da incerteza.


Pastores são os novos marketeiros e a
religião é seu novo negócio, o único
clube que te convida a vender a alma
e todo o resto para se tornar sócio.


Cristo em toda sua carreira terrestre
buscava do Pai a glória, mas o ostentoso
Papa pop star se contenta com a própria,
sendo um ídolo e um dos maiores
mestres da oratória.


As crianças de hoje são as bombas do
amanhã, soldados improvisados,
recrutados das mães pobres que parem o
exército das novas facções.


Tenho mais é vontade de me alienar, mas
não posso simplesmente meus olhos
fechar, e por isso em dias melhores tento
acreditar para não esmorecer e ao
amanhã sobrevier sem antes me vender.


Lucas O. Ornaghi

sábado, 29 de janeiro de 2011

ALÉM DE UM POEMA



















Não sei como te escrever, como te
dizer, não sei, o que sei só em meu
imo posso entender, quando as
palavras ficam temerosas e não
querem me comprometer.

Entenda que não faltam ideias ou
mesmo inspiração, entenda que as
possibilidades borbulham em meu
coração, mas num só poema não
cabe por ti a minha admiração.


Saiba que as estrofes poderiam ser
complexas, ao mesmo tempo
conexas, com mensagens
subliminares anexas, mas isso não
é preciso quando falo contigo.


Preocupava-me em palavras medir,
mas não posso mais nelas investir
o que por ti não paro de sentir, o
que mesmo sem tu saberes me faz
em secreto sorrir.


Não posso mais enganá-la com
simbolismos e a astúcia de um
poeta, não posso mais viver sem
dos versos fugir para a pessoa além
de um poema conhecer.


Não é preciso muito tempo, basta
um breve momento para perceber
que há mais do quê belos poemas
podem descrever, que há uma vida
inteira a preencher.

Além de um poema eu encontrei a
minha vida, eu redescobri a
existência na carência do seu
olhar, os olhos de alguém que
sei que sempre irei amar.

Lucas O. Ornaghi

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

NO CAMINHO DO HOMEM TERRENO














Olhando para o relógio da existência, em
vão esperei por um nunca concretizado
momento, já que o tempo, como um rio
que nunca se seca, fez dele um frágil
pensamento e da dor meu único
entretenimento.


Perdido no vazio e sua escuridão, meu
coração, perpetuando a transição da luz
à perdição, comprimia-me no obscuro
universo da só lamentação, paredes
invisíveis da tenebrosa transformação.


A tristeza nunca foi uma ilusão, a fácil
felicidade parecia uma opção,
escurecendo a visão, traindo a razão,
destruindo o sonho e a paixão,
esfriando a jovem feição e a emoção que
aquecia nas veias a vida em circulação.


Por muito tempo fui uma sombra nesse
mundo de noites sem Lua e dias sem Sol,
como um fantasma que existe, mas não
chega a viver, observando sempre o
mesmo rubro e não mais belo entardecer.


Mas a beleza é como o súbito amanhã
uma incerteza, que curiosamente acaba
se tornando da percepção a sua
fraqueza, do desconhecido a exaltação
e a nobreza, do divino réplica de sua
distinta natureza.


Quando das estrelas ela com o vento
abaixo de suas asas desceu, o cosmo se
fez pequeno, a Terra estremeceu e a
beleza há muito oculta dos olhos e
coração mortais iluminou o caminho do
homem terreno.


Vozes dizem que viram um anjo, outras
a chamaram de fênix, mas para mim ela
foi a chama e o divino, do coração a
minha única certeza, do horizonte a mais
pura beleza e do desconhecido a maior
gentileza.


Do grilhão de cada enfada respiração
liberdade clamei, o mundo terreno
abandonei e com ela, acima das nuvens
do ocaso, da borrasca e mil arco-íris,
avançando para o remoto, sobre um
oceano feito de luz velejei.


Mas a magia que fluía daquele
momento de alegria se esgotou, assim
como o sentimento que o fantasiou em
pouco tempo acabou, e por isso acordei
sem ao certo compreender o que se
passou, do quê minha alma despertou.


Percorrendo novamente sozinho do
homem terreno o caminho, em minha
quimera queria acreditar que um dia
ainda nas nuvens a alcançaria, mas
estimular essa ideia, péssima ideia,
certamente em vão me desesperaria.


Até que vi o seu rosto, vi que era real e
pela vida renovei meu gosto,
reencontrando meu anjo perdido,
ignorando o passado de um desiludido,
e olhando em seus olhos, tudo hoje,
agora e além adquirem novo sentido.


Lucas O. Ornaghi

À MERCÊ DA CASUALIDADE















No errante devaneio das horaS mortas
busco o poeta e suas palavras, busco
não a razão, mas o pulsante coração
do pensador que pelo inexplorado se
inflama de paixão.


Almas se deleitam e procuram a
bondade dos versos, o portal de
acesso para um mundo de
sublimação, e sensibilizado sou
tomado pela excitação de parir uma
nova criação.


Mas com o vento ressoa pelas
palmeiras a suave voz de uma sereia,
cortando a noite e em meus ouvidos
sussurrando inspiração, trazendo às
palavras sua poética ascensão.


No longínquo procuro a inefável
expressão de um cândido e fulgente
rosto que me olha do âmago do
oceano, trazendo com as ondas e o
vento a paz e um terno sentimento.


Ecoando e cantando, em minha
cabeça aquela voz, sua voz, persiste
em cHamar, para mundos ainda não
encontrados me convidar e aos
secretos lugares do profundo levar.


À portadora dE um nome que não
precisa ser pronunciado quero falar,
mas até quando hei de sua vinda
esperar e sob a luz do firmamento
navegar para com ela poder estar?


Um dIa fomos estranhos um para o
outro, até que uma branca pomba
ouviu a triste prece de um só
explorador e aproximou nossos
corações, ignorando a distância e
suas limitações.


Não quero e tenho mais como te
esquecer, tu és a centeLha que me
fez em alegria renascer, mas como
posso agora viver sem te conhecer e
somente no nebuloso infinito do
sonho te ver?


Sofro cAlado por nunca ter ao seu
lado estado, navegando
desorientado, jamais apaziguado, e
contristado meu espírito viaja sete
mares de eternidade à mercê da
casualidade.


Lucas O. Ornaghi

domingo, 16 de janeiro de 2011

MELHOR PESSOA DO MUNDO

Enquanto desce branda a chuva dos céus,
na noite sombria se esquece e sonha a
minha alma, anelando um fruto proibido e
em meus pensamentos vagueando na
esperança de rever seu rosto de menina,
inocência que me fascina

É um clichê dizer que palavras não são
suficientes para expressar o quanto eu a
amo, ninfa minha, mas palavras nunca
são um desperdício quando ávido para te
amar eu desmembro meu coração em
versos apaixonados.


Em meus pensamentos eu tentei reprimir
tudo que tu me incitas, mas arraigada a
mim tu continuas como uma droga em
minhas veias da qual eu virei dependente,
e carente do seu amor tu me confinastes
ao vício eterno de amar a ti, minha Calipso.

Deusa do amor, beldade de meus sonhos,
tu escravizastes meu coração e me
transformastes em seu fantoche. Nesse
jogo do amor tu és minha rainha e eu um
mero peão, e meus pensamentos estão
para sempre cativos por amar a ti.


Presa fácil dos seus lábios, eu já estou
sem ação, e apaziguada minha alma
sonha acordada com ti, minha Fênix,
abrasadora paixão que renasce
eternamente a cada beijo, a cada troca de
olhares, a cada verso que me escreves.

A única coisa que ressinto é que embora
eu tenha te visto muitas vezes, foi
somente quando me apaixonei que
passei a vê-la pela primeira vez, e é
somente agora quando olho para seus
olhos que lamento não ter antes
enxergado a melhor pessoa do mundo.


Lucas O. Ornaghi