terça-feira, 18 de janeiro de 2011

NO CAMINHO DO HOMEM TERRENO














Olhando para o relógio da existência, em
vão esperei por um nunca concretizado
momento, já que o tempo, como um rio
que nunca se seca, fez dele um frágil
pensamento e da dor meu único
entretenimento.


Perdido no vazio e sua escuridão, meu
coração, perpetuando a transição da luz
à perdição, comprimia-me no obscuro
universo da só lamentação, paredes
invisíveis da tenebrosa transformação.


A tristeza nunca foi uma ilusão, a fácil
felicidade parecia uma opção,
escurecendo a visão, traindo a razão,
destruindo o sonho e a paixão,
esfriando a jovem feição e a emoção que
aquecia nas veias a vida em circulação.


Por muito tempo fui uma sombra nesse
mundo de noites sem Lua e dias sem Sol,
como um fantasma que existe, mas não
chega a viver, observando sempre o
mesmo rubro e não mais belo entardecer.


Mas a beleza é como o súbito amanhã
uma incerteza, que curiosamente acaba
se tornando da percepção a sua
fraqueza, do desconhecido a exaltação
e a nobreza, do divino réplica de sua
distinta natureza.


Quando das estrelas ela com o vento
abaixo de suas asas desceu, o cosmo se
fez pequeno, a Terra estremeceu e a
beleza há muito oculta dos olhos e
coração mortais iluminou o caminho do
homem terreno.


Vozes dizem que viram um anjo, outras
a chamaram de fênix, mas para mim ela
foi a chama e o divino, do coração a
minha única certeza, do horizonte a mais
pura beleza e do desconhecido a maior
gentileza.


Do grilhão de cada enfada respiração
liberdade clamei, o mundo terreno
abandonei e com ela, acima das nuvens
do ocaso, da borrasca e mil arco-íris,
avançando para o remoto, sobre um
oceano feito de luz velejei.


Mas a magia que fluía daquele
momento de alegria se esgotou, assim
como o sentimento que o fantasiou em
pouco tempo acabou, e por isso acordei
sem ao certo compreender o que se
passou, do quê minha alma despertou.


Percorrendo novamente sozinho do
homem terreno o caminho, em minha
quimera queria acreditar que um dia
ainda nas nuvens a alcançaria, mas
estimular essa ideia, péssima ideia,
certamente em vão me desesperaria.


Até que vi o seu rosto, vi que era real e
pela vida renovei meu gosto,
reencontrando meu anjo perdido,
ignorando o passado de um desiludido,
e olhando em seus olhos, tudo hoje,
agora e além adquirem novo sentido.


Lucas O. Ornaghi

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