sexta-feira, 11 de maio de 2012

OLHOS EM TRANSE

Na sombra estou e não devo me amedrontar, 
recluso nas trevas eu aproveito para meditar, 
vejo pela janela a hora impetuosa avançar 
e anseio para longe em breve me transportar. 


Meus olhos em transe olhavam para o céu, 
contemplavam aquela noite e seu negro véu, 
meus lábios provavam o desgosto com um fel, 
espinhos na carne sangravam ideias no papel. 


Para as montanhas da lua eu então peregrinei, 
e a percorrer galáxias eu depois me ocupei, 
correndo pelo cosmo para os portais achar 
e para a língua dos anjos poder desvendar. 


Em solo estrangeiro eu ousadamente pisava, 
o Éden atrás do véu estrelado eu buscava, 
nas horas sombrias e frias da noite sem fim 
em direção ao que não conhecia eu viajava. 


Atraído para longe do tempo e suas limitações 
conheci grandeza maior que muitas invenções, 
e na calda de cometas prosseguia sem parar 
para em lugares ainda não imaginados estar. 


Chegando às profundezas da criação fui 
arremessado de volta para o quarto de  
alguém que acaba de despertar com um 
poema em suas mãos. 


Lucas O. Ornaghi