terça-feira, 12 de janeiro de 2016

MORTALIDADE





















Veja os rostos na névoa,
as expressões de outrora,
todas sombras do tempo,
marcas no pensamento.

O passado não se foi,
ele existe na recordação,
ele resiste e insiste,
abriga-se fundo no coração.

A saudade viaja momentos,
visita lugares e pessoas,
supera a inexistência,
invade as lacunas da morte.

Um sonho se forma,
num reencontro se torna,
num irresistível delírio
logo sufocado pelo amanhã.

Veja de novo os seus olhos,
ouça agora as suas vozes,
mas o passado distante não
o escutará nem o verá clamar.

Somos jovens no tempo,
mas estamos avelhantados,
todos nos sentimos vivos,
mas estamos perecendo.

Seremos o passado amanhã,
e o amanhã também o será,
como flores que abrolham
para depressa emurchecer.


Lucas O. Ornaghi