terça-feira, 14 de outubro de 2014

VIL ALTAR


















Uma presença infesta chega para molestar,
concebe pesadelos capazes de terrificar,
evoca espectros a cada acre despertar,
reminiscências que renascem para derrubar.

Torna-se difícil a liberdade poder respirar
quando olhos alheios fixam-se para acusar,
almeja-se a morte como meio de se libertar
da culpa e do medo que vêm para martirizar.

O semblante no espelho carrega um olhar
de agonia e solidão capazes de devastar,
olhos pagãos que não se deixam enganar
pelos que querem condenar para daí expiar.

Pode um mundo tão grande pequeno ficar?
Podem quatro paredes alguém sufocar?
Vão as cicatrizes para sempre durar?
Estão as angústias d’alma num vil altar?

Confrontar os demônios pode assustar,
mas é preciso parar de nas trevas caminhar,
abrir as cortinas da mente pode alumiar
e não há o que a luz não possa subjugar.


Lucas O. Ornaghi