sábado, 23 de junho de 2012

A PORTA DA VIDA




















Sinto medo de as coisas ficarem assim, 
não sei dizer o que está diante de mim, 
receio que o tempo me mostrará enfim. 




Imagino-me tão distinto do que sou, 
sempre me pego sem saber aonde vou, 
cada vez mais ressinto ficar onde estou. 


A vida prossegue na mesma direção, 
rumo a uma inevitável rota de colisão, 
colisão entre a rotina e o meu coração. 


Nasce dentro de mim intensa tristeza, 
sentimento esse que me causa frieza 
e sei que não pertence à minha natureza. 


De manhã me levanto dificultosamente, 
talvez cansado de sonhar e ter de o 
sonho esquecer na hora de viver. 


Mas deixarei de reclamar e me lastimar, 
enquanto o ar se puder respirar e a brisa 
o meu rosto vier docemente tocar. 


Em nossas ideias há a falsa perfeição, 
mas tudo é concebido em imperfeição, 
e tudo, além disso, não passa de ilusão. 


A beleza existirá sempre que houver 
alma para apreciá-la, sempre que um 
apaixonado pela vida decidir poetizá-la. 


Paz e liberdade pertencem ao poeta, 
quem a graça é da fonte mais seleta, 
quem a porta da vida continua aberta. 


Lucas O. Ornaghi