domingo, 11 de outubro de 2015

EVOCAÇÕES DA ALMA POÉTICA














Acorda-me o meu espírito inquieto,
à luz vinda da janela eu escrevo,
e meu coração está cheio, como
um copo prestes a transbordar.

Derramam-se meus pensamentos,
evocações de uma alma poética,
devaneios sobre os tempos,
de dias que se foram e que virão.

Tão-só a chuva e a aura falam,
com uma fala mansa e delicada
levam paz à solitude dessa noite,
mas me rememoram momentos.

Eu sei que já estive agrilhoado,
um cativo dentro da minha psique,
comprimido e aflito, em silêncio,
sentindo-me vazio, só e alienado.

Foram tempos sombrios de outrora,
o que devo vivenciar é o agora,
preciso abraçar a vinda da aurora,
permitir os temores irem embora.

Não escrevo tanto quanto antes,
talvez minha poesia esteja doente,
talvez os versos jazam distantes,
mas não vou deixar de ir em frente.

Pode o poeta durar eternamente?
Podem a chuva, a aura e a noite?
Pode a poesia ser esquecida?
Podem a lua e as estrelas?

A vida é feita de idas e vindas,
de encontros e desencontros,
e o que permanecem são palavras,
um legado de ideias e momentos.

Eu sei que essa noite se ultimará
e esse poema também findará,
com saudade alguém lembrará,
mas agora um poeta se despedirá.

Lucas O. Ornaghi