sábado, 29 de janeiro de 2011

ALÉM DE UM POEMA



















Não sei como te escrever, como te
dizer, não sei, o que sei só em meu
imo posso entender, quando as
palavras ficam temerosas e não
querem me comprometer.

Entenda que não faltam ideias ou
mesmo inspiração, entenda que as
possibilidades borbulham em meu
coração, mas num só poema não
cabe por ti a minha admiração.


Saiba que as estrofes poderiam ser
complexas, ao mesmo tempo
conexas, com mensagens
subliminares anexas, mas isso não
é preciso quando falo contigo.


Preocupava-me em palavras medir,
mas não posso mais nelas investir
o que por ti não paro de sentir, o
que mesmo sem tu saberes me faz
em secreto sorrir.


Não posso mais enganá-la com
simbolismos e a astúcia de um
poeta, não posso mais viver sem
dos versos fugir para a pessoa além
de um poema conhecer.


Não é preciso muito tempo, basta
um breve momento para perceber
que há mais do quê belos poemas
podem descrever, que há uma vida
inteira a preencher.

Além de um poema eu encontrei a
minha vida, eu redescobri a
existência na carência do seu
olhar, os olhos de alguém que
sei que sempre irei amar.

Lucas O. Ornaghi

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

NO CAMINHO DO HOMEM TERRENO














Olhando para o relógio da existência, em
vão esperei por um nunca concretizado
momento, já que o tempo, como um rio
que nunca se seca, fez dele um frágil
pensamento e da dor meu único
entretenimento.


Perdido no vazio e sua escuridão, meu
coração, perpetuando a transição da luz
à perdição, comprimia-me no obscuro
universo da só lamentação, paredes
invisíveis da tenebrosa transformação.


A tristeza nunca foi uma ilusão, a fácil
felicidade parecia uma opção,
escurecendo a visão, traindo a razão,
destruindo o sonho e a paixão,
esfriando a jovem feição e a emoção que
aquecia nas veias a vida em circulação.


Por muito tempo fui uma sombra nesse
mundo de noites sem Lua e dias sem Sol,
como um fantasma que existe, mas não
chega a viver, observando sempre o
mesmo rubro e não mais belo entardecer.


Mas a beleza é como o súbito amanhã
uma incerteza, que curiosamente acaba
se tornando da percepção a sua
fraqueza, do desconhecido a exaltação
e a nobreza, do divino réplica de sua
distinta natureza.


Quando das estrelas ela com o vento
abaixo de suas asas desceu, o cosmo se
fez pequeno, a Terra estremeceu e a
beleza há muito oculta dos olhos e
coração mortais iluminou o caminho do
homem terreno.


Vozes dizem que viram um anjo, outras
a chamaram de fênix, mas para mim ela
foi a chama e o divino, do coração a
minha única certeza, do horizonte a mais
pura beleza e do desconhecido a maior
gentileza.


Do grilhão de cada enfada respiração
liberdade clamei, o mundo terreno
abandonei e com ela, acima das nuvens
do ocaso, da borrasca e mil arco-íris,
avançando para o remoto, sobre um
oceano feito de luz velejei.


Mas a magia que fluía daquele
momento de alegria se esgotou, assim
como o sentimento que o fantasiou em
pouco tempo acabou, e por isso acordei
sem ao certo compreender o que se
passou, do quê minha alma despertou.


Percorrendo novamente sozinho do
homem terreno o caminho, em minha
quimera queria acreditar que um dia
ainda nas nuvens a alcançaria, mas
estimular essa ideia, péssima ideia,
certamente em vão me desesperaria.


Até que vi o seu rosto, vi que era real e
pela vida renovei meu gosto,
reencontrando meu anjo perdido,
ignorando o passado de um desiludido,
e olhando em seus olhos, tudo hoje,
agora e além adquirem novo sentido.


Lucas O. Ornaghi

À MERCÊ DA CASUALIDADE















No errante devaneio das horaS mortas
busco o poeta e suas palavras, busco
não a razão, mas o pulsante coração
do pensador que pelo inexplorado se
inflama de paixão.


Almas se deleitam e procuram a
bondade dos versos, o portal de
acesso para um mundo de
sublimação, e sensibilizado sou
tomado pela excitação de parir uma
nova criação.


Mas com o vento ressoa pelas
palmeiras a suave voz de uma sereia,
cortando a noite e em meus ouvidos
sussurrando inspiração, trazendo às
palavras sua poética ascensão.


No longínquo procuro a inefável
expressão de um cândido e fulgente
rosto que me olha do âmago do
oceano, trazendo com as ondas e o
vento a paz e um terno sentimento.


Ecoando e cantando, em minha
cabeça aquela voz, sua voz, persiste
em cHamar, para mundos ainda não
encontrados me convidar e aos
secretos lugares do profundo levar.


À portadora dE um nome que não
precisa ser pronunciado quero falar,
mas até quando hei de sua vinda
esperar e sob a luz do firmamento
navegar para com ela poder estar?


Um dIa fomos estranhos um para o
outro, até que uma branca pomba
ouviu a triste prece de um só
explorador e aproximou nossos
corações, ignorando a distância e
suas limitações.


Não quero e tenho mais como te
esquecer, tu és a centeLha que me
fez em alegria renascer, mas como
posso agora viver sem te conhecer e
somente no nebuloso infinito do
sonho te ver?


Sofro cAlado por nunca ter ao seu
lado estado, navegando
desorientado, jamais apaziguado, e
contristado meu espírito viaja sete
mares de eternidade à mercê da
casualidade.


Lucas O. Ornaghi

domingo, 16 de janeiro de 2011

MELHOR PESSOA DO MUNDO

Enquanto desce branda a chuva dos céus,
na noite sombria se esquece e sonha a
minha alma, anelando um fruto proibido e
em meus pensamentos vagueando na
esperança de rever seu rosto de menina,
inocência que me fascina

É um clichê dizer que palavras não são
suficientes para expressar o quanto eu a
amo, ninfa minha, mas palavras nunca
são um desperdício quando ávido para te
amar eu desmembro meu coração em
versos apaixonados.


Em meus pensamentos eu tentei reprimir
tudo que tu me incitas, mas arraigada a
mim tu continuas como uma droga em
minhas veias da qual eu virei dependente,
e carente do seu amor tu me confinastes
ao vício eterno de amar a ti, minha Calipso.

Deusa do amor, beldade de meus sonhos,
tu escravizastes meu coração e me
transformastes em seu fantoche. Nesse
jogo do amor tu és minha rainha e eu um
mero peão, e meus pensamentos estão
para sempre cativos por amar a ti.


Presa fácil dos seus lábios, eu já estou
sem ação, e apaziguada minha alma
sonha acordada com ti, minha Fênix,
abrasadora paixão que renasce
eternamente a cada beijo, a cada troca de
olhares, a cada verso que me escreves.

A única coisa que ressinto é que embora
eu tenha te visto muitas vezes, foi
somente quando me apaixonei que
passei a vê-la pela primeira vez, e é
somente agora quando olho para seus
olhos que lamento não ter antes
enxergado a melhor pessoa do mundo.


Lucas O. Ornaghi

CASCATA DA PERDIÇÃO














Apartado da caótica usualidade de meus
dias liberto-me das ansiedades e medos,
acalmo o meu coração e permito que a
serenidade da brisa invada o meu íntimo,
tão exausto de viver em tribulação.


Queria deitar-me com a abóbada celeste
sobre a testa, agradando-me da
perspectiva de descobrir como poderiam
os segundos de um suspiro serem mais
para o incerto tempo que me resta, se
tornarem algo meu que realmente presta.


Permanecer aqui é viver acorrentado e
célere descer à correnteza da existência
que, sendo tão breve experiência, acaba
se dissipando na cascata da perdição,
onde em eterna paz repousarei então.


Queria transformar-me em um ser alado,
voar para um tempo ainda calado,
adormecer em areias brancas de uma
praia de águas cristalinas com o amor ao
meu lado e despertar no Éden que todos
sonhamos um dia estar.


Lucas O. Ornaghi

sábado, 15 de janeiro de 2011

LOUCURA DA CRIAÇÃO


















Violentos dias a humanidade vive
desde a sua criação, e do
passado as sombras da
irracionalidade transferem-se
para o presente, alimentando os
mesmos erros que a fazem
indecente.


Induzidos pelo pecado vivemos,
cegados num mundo em que
o progresso se chama
globalização, mas a realidade
é governada pela banalização e
a esperança permanece ficção.


Estamos sufocados, por mentiras
antigas que ainda vivem
calejados, consentindo a filosofia
que rege a opressão que nos
controla e mata a cada instante,
perpetuando a loucura da criação.


Lucas O. Ornaghi

sábado, 1 de janeiro de 2011

NOITES CHUVOSAS









  


Nas noites chuvosas fico insone e solitário,
fecho-me num armário, pensativo
contemplando a escuridão com minhas
idéias todas em transição.


Nas trevas meu coração pranteia em
silêncio uma mágoa que não quer ser
ouvida, há muito é reprimida, mas jamais
pela alma foi esquecida.


Lembranças reaparecem de frente aos
meus olhos e alimentam a agonia em
minha mente, que por mais que eu tente,
mostra-se todos os dias presente.

Horas se vão, chuva e dúvida prosseguem
na noite e minha essência perseguem.
Quem me dera estar preparado para
acordar e dos anseios da vida me libertar.

Quem me dera tudo fossem palavras em
busca de um significado, que no final só
quisessem transmitir um obscuro e não
digerido recado.

Lucas O. Ornaghi

ENTRE O SONHO E A RAZÃO




















Queria que as coisas transparecessem
melhor, que se manifestassem de
maneira mais clara, mas sou um poeta
que poetiza na escuridão, sendo
obscuro o caminho que percorrem
meus pensamentos.

Durante a noite sinto sono, não
inspiração, mas mesmo assim eu
escrevo, encontrando-me à mercê de
vozes que sussurram à minha volta
palavras que somam os clamores
reprimidos de meu coração.

No ponto intermediário entre o sonho e
a razão a minha mente está vulnerável
e escreve poemas, expressões
pronunciadas pelos desconhecidos e
estranhos devaneios que se revelam
nas trevas.

Minha psique se desfaz em sombras
que transportam os conflitos da minha
alma para um papel, e inconsciente
registro mais do que poderia conhecer
sobre o enigmático ser que me olha
no espelho.

Verdades ocultas me são entregues, e
sem mais sustentar o olhar traço com
uma caneta os misteriosos segredos
do indecifrável eu e fecho os olhos,
perdendo-me num sonho sem sentido.

Lucas O. Ornaghi