sábado, 21 de junho de 2014

A CAMINHO DO SOL














Estamos todos a caminho do Sol.
Rogamos: Venha! Abrasa-nos!
Transforma-nos ou dizima-nos!
Refina-nos ou derreta-nos!

Em agonia invocamos às chamas:
Consuma-nos rápido!
Desgostosos clamamos ao vento:
Dissipe-nos ao oblívio!

É algo brutal, insano, primitivo,
eclode violentamente, arde como
como a cólera de um incêndio.

Idolatramos e execramos a nós
mesmos. Medo e desesperança
nos movem à autodestruição.

Espalha-se a devoção ao ego, e a
mentira ganha espaço num mundo
frágil e devastado por si mesmo.

Não há simpatia pelos bons – há
ódio e há aviltamento. A justiça
se tornou uma história de lamento.

Cai a noite alertando os que são
livres para correr – que o façam,
pois regressa a Idade das Trevas.

Não há sequer uma gota de razão,
as fontes borbulham areia, e a
alvorada revela os seus mortos.

O mundo carrega a liberdade em
suas garras e a arrasta para o ermo
inóspito da alienação.

O verme aguarda ansioso pela
podridão, ri-se do genocídio e da
tolice na qual se empenham nações.

Tínhamos a benção. Escolhemos a
maldição, pois dissemos: Somos
os filhos do átomo! Amanhã
seremos a poeira das estrelas.

No caminho gritam aves de rapina:
Caiam! Desistam! Entreguem-se!
Gritam mais alto as pombas:
Ergam-se! Persistam! Completem!


Lucas O. Ornaghi