quinta-feira, 15 de novembro de 2012

ASAS DE UM PESADELO




















Emancipe memórias, ó alma conflitante,
corra pela noite sem Lua e busque abrigo,
fuja daquele que está recluso nas trevas.

Há uma canção que vem com o ar gélido,
um convite sedutor persegue os incautos,
velas se apagam e a aldeia se estremece.

As horas mortas, as ruas vazias, o silêncio,
o medo e curiosidade pelo que não se vê,
tudo toma forma nas asas de um pesadelo.

Não se enamore das trevas, não vá ceder,
não ouça as vozes que vem pra acalentar,
pra te transformar num grito entre paredes.

Mas não escondeste bem suas fantasias,
e agora elas fugiram para te devastar,
para acordar o insano êxtase do supérfluo.

A consciência se perdeu para a emoção,
o mar a invadiu e tomou conta das praias,
a razão foi engolida pela vil tormenta.

Afogou-se em águas turvas e agitadas,
mergulhou só em profunda amargura,
tornou-se uma sombra inerme da dúvida.

Nade para a superfície e observe o céu,
veja Éolo lhe apontando para o oeste,
ice as velas da mente e volte para casa. 

Lucas O. Ornaghi