sábado, 14 de maio de 2011
APOCALIPSE
I
Perpetuando os últimos dias de uma
vida de vaidade, sanidade é varrida
de meu cérebro, ao passo que
pensamentos de violência e
perversão me tornam presa fácil de
uma teia de destruição.
Ouço trovões declarar que a ira dos
céus quer se aproximar, e em meu
rosto sinto o vento leste soprar,
precedendo a tormenta e
anunciando um profetizado amanhã
de escuridão, dia de Revelação.
Sombras de um império em declínio
sussurram morte em meus ouvidos.
Eu ouço gritos, gemidos, e estou
extenuado de me aterrorizar, de em
meus pesadelos sempre acordar.
Atravessando campos de fogo e
destruição, a Morte num cavalo
descorado cavalga acompanhada
pelo Hades, que acolhe as almas
ceifadas pela sua devastação.
Chegou o momento de a angélica
trombeta soar, de a Sua soberania
reivindicar, de o sangue dos ímpios
o solo manchar, de o oprimido
levantar e de o opressor esmagar.
Um medo primitivo está para se
concretizar, a luz divina vem para se
propagar e das trevas espirituais os
mansos de vez libertar quando na
cabeça da serpente Cristo
finalmente pisar.
II
Vinte e quatro anciãos ouvem a
prece de um andarilho, que guarda
suas roupas exteriores e cruza
longínquas e dificultosas terras,
sempre atento ao horizonte, mas
ainda não é o fim.
Íntegro e inabalável prossegue sob
uma língua de fogo, declarando um
nome justo entre as nações que
ecoa desde o pico mais alto até o
abismo mais profundo, mas é
repudiado pelos ouvidos dos tolos,
dos de coração duro.
O santuário é tomado pela fumaça e
sete anjos trajados de linho puro
derramam sete tigelas de
ouro, libertando a ira divina sobre
a terra, e secando o Eufrates,
preparam o caminho para os reis do
nascente do sol.
Relâmpagos, vozes, trovões e um
devastador terremoto vêm a estar
sobre a terra, e Babilônia, a infame
meretriz, vestida de púrpura e
sentada na fera cor de escarlate
segura um copo dourado com o
vinho tentador de sua fornicação.
Mas a fera de dez chifres e sete
cabeças passou a arraigar um
ódio mortal pela infame meretriz e a fez
devastada e nua perante os que
moram na terra, saboreando a sua
carne e queimando-a
completamente no fogo.
Os portadores dos nomes que não
estavam no livro da vida foram
lançados no fogo, assim como o
Diabo após mil anos será, solto de
sua prisão para o homem tentar
desencaminhar e na destruição
eterna os infiéis com ele levar.
Daí, o som de uma grande multidão
principiará a louvar na terra o Deus
reinante, o alfa e o ômega,
enquanto felizes convidados nos
céus participarão do casamento do
cavaleiro branco que pastoreou as
nações com vara de fero.
E nova Jerusalém, preparada como
noiva adornada pelo seu marido,
reinará com Cristo por mil anos,
estabelecendo um mundo onde não
haverá mais lágrima, nem pranto,
nem clamor, nem dor. As coisas
anteriores já serão passado.
Lucas O. Ornaghi
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