segunda-feira, 23 de agosto de 2010

EM BUSCA DO ÚLTIMO DETALHE

Destinado a nascer e morrer num mundo
que exige perfeição vivi a minha vida na
ilusão de um dia rematar o último detalhe,
mas inevitável é encontrar sempre um
detalhe a mais para se ajustar e não
ignorar o fato de nunca poder falhar.

Irrequieto numa vida de constantes
aspirações e ofegantes respirações fui
tolo em confiar no coração e me deixar
levar pela vã obsessão de ser um peão,
controlado pela sensação de lá fora
conseguir causar uma boa impressão.

Quando eu acordei não acreditei nos
anos que leviamente usei, na vida que
desperdicei, porque pela primeira vez eu
levantei e no espelho me olhei, e ao invés
da expressão de um rosto, outro espelho
surgiu, refletindo meu ser vazio.

Lucas O. Ornaghi

Um comentário:

  1. Adorei. Como você mesmo disse, Lucas, esse poema descreve muito bem as frustrações que pode causar essa busca em um mundo irreal e traiçoeiro que estamos mais do que nunca sujeitos. Seja para consolo ou escape...

    Adorei!

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