domingo, 15 de agosto de 2010

VESTÍGIOS DO HORIZONTE

Tão rápida a esperança na noite se perdeu e diante de
meus insones olhos abruptamente o Sol várias vezes
nasceu. Dias passaram, mas nada me acrescentaram,
anos me envelheceram, mas minha alma não
enriqueceram.

Apreensivo o amanhã respiro, alérgico ao ar da vã
existência espirro, solto um suspiro, problemas para
um copo com whiskey transfiro, contra meu reflexo o
punho atiro, com o vidro me firo, por pouco não piro
e o sangue de meus pulsos de vez tiro.

Sempre comprimido, abatido, a um insignificante
reduzido, como um animal enjaulado, rigidamente
disciplinado, sou abusado, privado, institucionalizado.

A infelicidade consentir, a mentir e sorrir sou
ordenado, controlado para não ser brutalizado e
acordar um marginalizado pelo sistema descartado.

Não me deixe apodrecer. Eu já sou um fragmento da
existência, uma sombra de um tempo passado que
ainda sobrevive no vazio e tédio do presente.

Sei o que buscar, mas não sei onde encontrar. O que
eu não tenho o sistema insiste em oferecer, mas nunca
é o que eu preciso para feliz ser.

As pessoas querem suas ideias me vender, mas nada é
o que parece ser, pois tudo o que elas têm a oferecer é
um mundo de ilusões que vai infeliz te fazer.

Trilhando um caminho incerto eu olho para o
horizonte à procura de algo que me satisfaça, mas o
que restou nesse mundo eu chamo de desgraça.

Lucas O. Ornaghi

Um comentário:

  1. "Não me deixe apodrecer. Eu já sou um fragmento da
    existência, uma sombra de um tempo passado que
    ainda sobrevive no vazio e tédio do presente."

    Adorei, é incrível como me identifico com o que escreve! Novamente mandou muito bem =)

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