segunda-feira, 26 de julho de 2010

VIDA VÃ














À medida que a escuridão de quarteirão em
quarteirão chega a ti como um grilhão,
observe um mundo de sofreguidão partilhar
de uma mesma ilusão e cedo também te
levar para a perdição.

No ritmo dessa alienação muitos ainda
dançarão, suas almas entregarão, seus
sonhos matarão e nessa nova condição
paixões jamais cultivarão, felicidade já não
conhecerão.

Os anos passarão, as cãs logo aparecerão e
em lassidão e sem realização aos poucos
todos um dia sucumbirão, pois insatisfação
seus olhos revelarão e sua própria existência
deplorarão.

Tarde ressentirão ter gastado uma vida em
vão, ter vendido o coração e sacrificado a
compreensão, a percepção, tempo que agora
não passa de rápida abstração, de uma
dolorosa decepção.

A cada nova emoção, em seus íntimos
renasce a perturbação, a evocação de um
passado de desilusões, difíceis lições que
trazem a sensação de um vazio sem solução,
de um fastio sem resignação.



Lucas O. Ornaghi

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