Com a chuva se misturam lágrimas superficiais
de um bandido, ao passo que rubro e sem
sentido se esvai novamente despercebido o
sangue de mais um que foi pelo mal rendido.
A luz da aurora ilumina uma mórbida viela de
vidas ceifadas, vozes não mais pronunciadas,
fazendo da abstraída menina que vai para a
escola vítima eterna de rostos sem vida.
Olhos frios de um policial percorrem com
normalidade a atrocidade da alma perecida,
que na dor de cada indelicada ferida gritou em
protesto contra os abusos de seu homicida.
Durante a noite o médico-legista assoviando
logo vai acomodando lúgubres hóspedes numa
comprida gaveta, sala de espera que anuncia
o fim da vida desses bebês de proveta.
Na cova escura os pensamentos perecem,
inativos e em decomposição corpos
desaparecem, incorporando-se ao solo do qual
foram formados e terminaram desafortunados.
Mas não vá com a morte se perturbar, não há
um só fantasma que voltou para reclamar, não
há sombras na escuridão, apenas anonimato e
um retiro inanimado de solidão.
Lucas O. Ornaghi
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