Cruzando ruas feitas de mundos alheios aos
olhos do homem institucionalizado,
realidades colidem entre a luz e as trevas
numa batalha de eternos contrastes.
Em cada esquina vultos se escondem em sua
vergonha e desaparecem na escuridão, como
as sombras de um mundo de que não querem
mais lembrar e sua infeliz presença aceitar.
Um rosto que passa ligeiro se oculta atrás
de uma parede de vidro, observando com um
olhar calejado a tribulação de almas
desconhecidas que logo são esquecidas.
Nas lágrimas da criança que desamparada
caminha errante pelas ruas e semáforos,
facilmente se interpreta o desgosto de
vidas ignoradas vivendo o incerto despertar.
Inocentes, injustiçados, nomes nunca
pronunciados, vagabundos e criminosos são
os que lhe foram batizados, os nomes dos
discriminados e pelo sistema descartados.
Disparos irrefletidos inserem novos
fantasmas na noite, enquanto lúgubre se
esvai o sangue de um jovem vitimado pela
arma de um tolo, que logo é inocentado.
Desesperadas protestam suas vozes que
precisam ser ouvidas, mas ecoam em vão e
inaudíveis chegam clamores nunca
atendidos, só nas preces dos fiéis ouvidos.
Lucas O. Ornaghi
Rua das Sombras Errantes fiz com base em minha angústia sobre a pobreza que vejo nas ruas de Campinas. Deparamo-nos com diferentes rostos e expressões nas ruas e semáforos da cidade grande e nos penalizamos com o estado de privações humilhantes em que pessoas como nós estão sujeitas a chegar.
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