quarta-feira, 28 de julho de 2010

CORAÇÃO DE ESTUDANTE












Flutuando na imensidão do universo em questão,
um astronauta sem razão para ter olhos de glória,
não enxerga a escória, não entende nem se
surpreende com o rumo da História, não observa
A Terra que o homem faz de serva ou a religião
desse mundo em desespero e desilusão, que põe
no coração do cego o céu como segunda opção e
o inferno como incentivo à santa devoção.

Vejo da janela terras desoladas, casas pela chuva
levadas, lágrimas não consoladas, perdas não
evitadas, mulheres violentadas, cidades
bombardeadas, mães que pelo desespero foram
tomadas, velhas adoentadas, crianças apavoradas
que choram amarguradas, faveladas vivem
esfomeadas, desorientadas, não amadas, nascendo
para serem abandonadas e pela rua criadas.

Em meus pesadelos almas flageladas ecoam vozes
que no escuro tristeza sussurram, minhas mãos
geladas suam, meus olhos não mais se situam, mas
não recuam, sabem que estou distante, longe de
estar o bastante para saciar a insatisfação de meu
coração de estudante, que nunca teme o que lhe
está adiante, continua sempre avante, sem deixar de se

preocupar e sua paixão pelo mundo se arraigar.

Pensamentos voam em minha mente, palavras ecoam
de repente, ideias em meu subconsciente redefinem o

presente, e de um jovem consciente se concebe um
pensador excelente, um descobridor inteligente, uma
pessoa eficiente, ciente desse ambiente que abriga
meu mundo carente e as pessoas descrentes,
personagens de um quadro deprimente que ainda
se mostra presente.

Cansei de ignorar o vermelho luar que sangra acima
do mar de insanidade em que se afoga a humanidade,
e enquanto o mundo rodando alto está clamando,
prossigo com meus olhos estudando, o conhecimento
das páginas dos livros buscando, o misterioso da vida

experimentando, meus sentimentos poetizando, meus
devaneios estimulando, meus sentidos explorando e a
mim mesmo ao viver de cada dia superando.



Lucas O. Ornaghi

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