Para introduzir os textos das próximas postagens, embora já tenha postado sobre a Censura Implícita, acho importante resgatar o tema. A coleção de poemas intitulada O Poeta Acorrentado e Sua Psique aborda a condição do ser humano do século XXI, sobretudo a sensação generalizada de se sentir aprisionado e a necessidade de se resgatar uma percepção que se perdeu, permitindo novamente a entrada das luzes na “janela da alma”. Entendamos melhor.

Os meios de comunicação se tornaram não apenas um canal de influência, mas uma forma de controlar o ser humano e até mesmo de indiretamente reprimir ou estimular convicções e ações. Assim, as pessoas permanecem confinadas às paredes invisíveis de suas psiques, vítimas de uma censura que cega e aliena, levando a uma aceitação de ideias e mensagens sem um pré-julgamento.
A busca pelo alcance da felicidade é um reflexo das ambições fomentadas pela realidade de uma sociedade globalizada, mas depois se converte no ato de desespero que conduz à procura por "portas de saída", a procura por alguma paz, por meios de escapar da vida submissa a perenes anseios. O homem é institucionalizado e limitado por uma existência sustentada pela superficialidade das relações e a execução de atividades mecânicas, sendo gradativamente cegado com alvos vãos e uma visão distorcida de felicidade e progresso.
O acesso a essas "portas de saída" se dá através de distintos caminhos, como a religião, a "superioridade" da arte, o prazer imediato da vida baseada no carpe diem ou no epicurismo, o suicídio, que "soluciona" a existente incapacidade de confrontar o presente, o encontro genuíno do amor e amizades, a escolha de uma vida simples, talvez não influenciada pela instabilidade das tendências do sistema, e o estoicismo, que diz que todo excesso resulta em desequilíbrio e infelicidade; a felicidade está em retirá-la das pequenas coisas, ou seja, é preciso saber viver para saber morrer.
Quando se aborda, por exemplo, a religião como instituição, nota-se que esta tem exercido um impacto negativo com a sua adulteração, já que antes de ser um bem comum, dissemina mentiras que distorcem valiosos princípios e ensinamentos. Além disso, agrega uma minoria de aproveitadores que se apresentam como pessoas tementes a Deus, mas não passam de "falsos profetas" que idolatram os deuses desse sistema e acabam enriquecendo à custa de seus adeptos. E ainda há outros que dissuadem homens a apoiar e provocar atrocidades, impelindo o sacrifício de suas mentes ignorantes, que não enxergam o papel de suas vidas na promoção dos interesses sempre de uma elite que cobiça o desejo de ascensão.
O fato é que a escolha do indivíduo é o que o capacitará a enfrentar o drama existencial da vida ou não. Sob o perpétuo confinamento da alma a seus almejos, nascemos e morremos escravos da insatisfação. Ao passo que cavamos o infinito com a lâmpada do sonho, abafando as queixas implacáveis de nosso íntimo, não somos capazes de saciar o que cobiça e desespera o coração, o que nos faz depreciar nossa existência e nos deixa angustiados ao cavarmos os abismos das eternas ânsias.
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