segunda-feira, 15 de março de 2010

O MUNDO DO POETA E SUA PSIQUE

Para introduzir os textos das próximas postagens, embora já tenha postado sobre a Censura Implícita, acho importante resgatar o tema. A coleção de poemas intitulada O Poeta Acorrentado e Sua Psique aborda a condição do ser humano do século XXI, sobretudo a sensação generalizada de se sentir aprisionado e a necessidade de se resgatar uma percepção que se perdeu, permitindo novamente a entrada das luzes na “janela da alma”. Entendamos melhor.

O ser humano vive acorrentado a um modo de vida imposto pela sociedade contemporânea, que massifica a maneira de pensar e agir de modo que tudo se torne tão sistemático a ponto de limitar ou comprimir a sua visão do mundo e de si mesmo. Os ideais pregados e incutidos são logo aderidos através de um constante bombardeio de informações e ideias que se repetem com grande velocidade, fixando-se no intelecto de maneira inconsciente, porém ainda capaz de exercer uma influência de peso no pensamento.

Os meios de comunicação se tornaram não apenas um canal de influência, mas uma forma de controlar o ser humano e até mesmo de indiretamente reprimir ou estimular convicções e ações. Assim, as pessoas permanecem confinadas às paredes invisíveis de suas psiques, vítimas de uma censura que cega e aliena, levando a uma aceitação de ideias e mensagens sem um pré-julgamento.

A busca pelo alcance da felicidade é um reflexo das ambições fomentadas pela realidade de uma sociedade globalizada, mas depois se converte no ato de desespero que conduz à procura por "portas de saída", a procura por alguma paz, por meios de escapar da vida submissa a perenes anseios. O homem é institucionalizado e limitado por uma existência sustentada pela superficialidade das relações e a execução de atividades mecânicas, sendo gradativamente cegado com alvos vãos e uma visão distorcida de felicidade e progresso.

O acesso a essas "portas de saída" se dá através de distintos caminhos, como a religião, a "superioridade" da arte, o prazer imediato da vida baseada no carpe diem ou no epicurismo, o suicídio, que "soluciona" a existente incapacidade de confrontar o presente, o encontro genuíno do amor e amizades, a escolha de uma vida simples, talvez não influenciada pela instabilidade das tendências do sistema, e o estoicismo, que diz que todo excesso resulta em desequilíbrio e infelicidade; a felicidade está em retirá-la das pequenas coisas, ou seja, é preciso saber viver para saber morrer.

Quando se aborda, por exemplo, a religião como instituição, nota-se que esta tem exercido um impacto negativo com a sua adulteração, já que antes de ser um bem comum, dissemina mentiras que distorcem valiosos princípios e ensinamentos. Além disso, agrega uma minoria de aproveitadores que se apresentam como pessoas tementes a Deus, mas não passam de "falsos profetas" que idolatram os deuses desse sistema e acabam enriquecendo à custa de seus adeptos. E ainda há outros que dissuadem homens a apoiar e provocar atrocidades, impelindo o sacrifício de suas mentes ignorantes, que não enxergam o papel de suas vidas na promoção dos interesses sempre de uma elite que cobiça o desejo de ascensão. 
O fato é que a escolha do indivíduo é o que o capacitará a enfrentar o drama existencial da vida ou não. Sob o perpétuo confinamento da alma a seus almejos, nascemos e morremos escravos da insatisfação. Ao passo que cavamos o infinito com a lâmpada do sonho, abafando as queixas implacáveis de nosso íntimo, não somos capazes de saciar o que cobiça e desespera o coração, o que nos faz depreciar nossa existência e nos deixa angustiados ao cavarmos os abismos das eternas ânsias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário