segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A CENSURA IMPLÍCITA

“O Éden virou a cobiça em um sonho de
consumo, e em resumo não há mais
necessidade de ser profundo se o
pensamento massificado agora move o
mundo globalizado”.
Lucas O. Ornaghi

A maioria das pessoas, engrenagens vivas e pensantes de um mundo globalizado, acordam programadas para executar funções sistemáticas de um modo de vida usual, constantemente moldado pelos meios de comunicação de massa, presentes em quase toda a Terra e suas sociedades. O ser humano é tão bombardeado com informações, que acaba sendo induzido a adotar passivamente os padrões de vida e consumo do sistema capitalista, ao qual está inserido.

O conceito de ideologia proposto por Marx é uma realidade nua aos olhos humanos, que se encontram cegados por uma cegueira não física ou literal, mas mental, a cegueira do pensamento. A ideologia através do mass media, conforme citado na introdução, de forma direta ou indireta, incentiva ou reprime convicções e ações, originando consensos que encobrem as formas de dominação e manipulam o povo. Assim, as pessoas agregam valores que a Indústria Cultural incute de modo mascarado e isso se converte numa forma de controle de peso, uma vez que elas desconhecem os efeitos das mensagens ocultas que as influenciam diariamente.

As transformações científico-tecnológicas do século XIX repercutiram com a criação de indivíduos anônimos, despertaram um comportamento coletivo e acentuaram o apelo emotivo. Isso gerou a alienação, a aceitação de idéias e mensagens sem um pré-julgamento por parte das pessoas, que acabaram aceitando o controle de suas mentes sem se aperceberem disso.

Inconsciente e gradativamente o cérebro fica calejado, pára de exercitar as faculdades mentais e o pensamento deixa de ser autônomo no indivíduo, que perde a compreensão do meio em que vive e dele mesmo. Por que pensar quando outros já o estão fazendo por ele? São lhe dadas opções. Basta se deixar influenciar. Todos os caminhos são propostas de vida, uma sujeição aos ideais do sistema, que mata suas quimeras, no sentindo de enterrar suas verdadeiras paixões no efêmero viver dessa viva mecânica, suprimindo a sua percepção da vida e do mundo. Por isso...

“Vacante a alma humana sustenta sua existência,
confinada a uma alienação que perpetua calada
a sua dolência”.
Lucas O. Ornaghi

De acordo com o site

www.indcultural.hpg.ig.com.br/ateoriacritica.htm, que explica a Teoria Crítica do filósofo alemão Max Horkheimer, “(...) o observador é continuamente colocado, sem o saber, na situação de absorver ordens, indicações, proibições”. Isso caracteriza a censura implícita, que dita de forma ideológica ao invés da autoritária, violenta, conceitos como os de felicidade e beleza, relacionando-os por meio de diversas abordagens publicitárias às pessoas, que embora sejam diferentes umas das outras, não deixam de buscá-los, pois querem aceitação, se enxergarem dentro dos padrões e perfis criados. Porém, esquecem-se de que nem todos os caminhos levam ao paraíso.


“Eu já andei nesse jardim, no começo não
parece ruim, é fácil estar a fim, mas
prefiro no banco de uma praça qualquer
sentar e parar de me enganar”.

Lucas O. Ornaghi

Independente disso, as pessoas não querem se sentir excluídas de seus grupos sociais, pois só estão à vontade com elas mesmas quando os outros também se sentem à vontade com a presença delas, quando são bem vistas pelos olhos altaneiros que as cercam, seja em relação ao sexo oposto, a colegas de trabalho ou escola, e até mesmo no sentido de transparecerem superioridade em nível social. Para não obterem uma crítica negativa, uma censura por parte da sociedade, fingem ser quem não são, refletindo isso em seu comportamento e imagem, reprimindo seus desejos e suas verdadeiras vocações.

“Despertando no sonho da alienação, vejo-me através de
um espelho lá fora buscando gratificação, e longe sempre
estou de mim mesmo e de encontrar uma porta de saída
desses dias de frustração”.
Lucas O. Ornaghi

A partir da segunda metade do século XX, com o avanço tecnológico dos meios de comunicação, conseqüente do processo de industrialização, apareceu o tão comentado mass media, constituído por veículos de comunicação de massa que difundem e massificam a cultura, fazendo dela uma fonte de lucro ao divulgar produtos supérfluos.

“Esperando, reclamando, engordando, embriagando-me,
endividando-me, de todos suspeitando, continuo aqui odiando-me,
irritando-me com esse sistema que meus passos fica vigiando,
da minha vida se alimentando e como uma marionete me
controlando”.

“As pessoas querem suas idéias me vender, mas nada é
o que parece ser, pois tudo o que elas têm a oferecer é
um mundo de ilusões que vai infeliz te fazer”.


Lucas O. Ornaghi

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