Estamos todos a caminho do
Sol.
Rogamos: Venha! Abrasa-nos!
Transforma-nos ou dizima-nos!
Refina-nos ou derreta-nos!
Em agonia invocamos às chamas:
Consuma-nos rápido!
Desgostosos clamamos ao
vento:
Dissipe-nos ao oblívio!
É algo brutal, insano,
primitivo,
eclode violentamente, arde
como
como a cólera de um incêndio.
Idolatramos e execramos a
nós
mesmos. Medo e desesperança
nos movem à autodestruição.
Espalha-se a devoção ao ego,
e a
mentira ganha espaço num
mundo
frágil e devastado por si mesmo.
Não há simpatia pelos bons –
há
ódio e há aviltamento. A justiça
se tornou uma história de
lamento.
Cai a noite alertando os que
são
livres para correr – que o façam,
pois regressa a Idade das Trevas.
Não há sequer uma gota de razão,
as fontes borbulham areia, e
a
alvorada revela os seus
mortos.
O mundo carrega a liberdade
em
suas garras e a arrasta para
o ermo
inóspito da alienação.
O verme aguarda ansioso pela
podridão, ri-se do genocídio
e da
tolice na qual se empenham
nações.
Tínhamos a benção. Escolhemos
a
maldição, pois dissemos: Somos
os filhos do átomo! Amanhã
seremos a poeira das
estrelas.
No caminho gritam aves de
rapina:
Caiam! Desistam! Entreguem-se!
Gritam mais alto as pombas:
Ergam-se! Persistam!
Completem!
Lucas O. Ornaghi