Carrego n’alma a cólera da
tempestade,
jaz o trovão em cada uma das
palavras,
o vento conduz temerosas expectativas,
a chuva cai irrigando
medrosas fantasias.
Sinto-me inconstante como é
a nuvem,
que às vezes consente a
estiagem,
trazendo tempo sereno após a
chuva,
mas que volta com grande
fereza e ruína.
Assim é o meu espírito, vil
e ardiloso,
que às vezes me logra com
boa ventura,
trazendo regozijo e paz em
minha vida,
mas que volta com o medo e o
desgosto.
Gostaria de carregar a luz
em meu íntimo
para evanescer nuviosos
pensamentos
e poder me desviar da
estrada da morte
que confina o mundo em noite
infindável.
Eu tenho procurado a beleza
e a pureza,
me enlevado ao poder olhar o
universo,
e saudando as estrelas e o
cosmos
eu reverencio Aquele que os
fez.
Quão triste é viver nessa
era de escuridão,
é observar tantas expressões
solitárias,
é saber que negamos a nossa
origem,
é pressentir a tormenta e
sua devastação.
Lucas O. Ornaghi