Na sombra estou e não devo me amedrontar,
recluso nas trevas eu aproveito para meditar,
vejo pela janela a hora impetuosa avançar
e anseio para longe em breve me transportar.
Meus olhos em transe olhavam para o céu,
contemplavam aquela noite e seu negro véu,
meus lábios provavam o desgosto com um fel,
espinhos na carne sangravam ideias no papel.
Para as montanhas da lua eu então peregrinei,
e a percorrer galáxias eu depois me ocupei,
correndo pelo cosmo para os portais achar
e para a língua dos anjos poder desvendar.
Em solo estrangeiro eu ousadamente pisava,
o Éden atrás do véu estrelado eu buscava,
nas horas sombrias e frias da noite sem fim
em direção ao que não conhecia eu viajava.
Atraído para longe do tempo e suas limitações
conheci grandeza maior que muitas invenções,
e na calda de cometas prosseguia sem parar
para em lugares ainda não imaginados estar.
Chegando às profundezas da criação fui
arremessado de volta para o quarto de
alguém que acaba de despertar com um
poema em suas mãos.
Lucas O. Ornaghi